Uma das características do fascismo é o anti-intelectualismo. Em seu livro Como Funciona O Fascismo, Jason Stanley aponta “a política fascista procura minar o discurso público atacando e desvalorizando a educação, a especialização e a linguagem. É impossível haver um debate inteligente sem uma educação que dê acesso a diferentes perspectivas, sem respeito pela especialização quando se esgota o próprio conhecimento e sem uma linguagem rica o suficiente para descrever com precisão a realidade.”
E este é mais um ponto no qual o governo de extrema de direita de Bolsonaro segue a cartilha fascista. O ataque à imprensa e à educação e a perseguição a intelectuais, educadores e jornalistas tem sido regra deste o início da atual gestão.
Recentemente, o desgoverno Bolsonaro chegou ao ponto de usar a Polícia Federal (através de pedido do Ministério da Justiça) para abrir inquéritos contra jornalistas meramente por estes criticarem as ações do presidente. Outros jornalistas, artistas e intelectuais, têm sido vítimas de campanhas caluniosas em redes sociais, processos judiciais como forma de calá-los e até ameaças de morte. Até mesmo a jogadora de vôlei Carol Solberg, está sofrendo perseguição simplesmente por ter gritado “Fora Bolsonaro” após uma partida.
No caso dos educadores, esta perseguição tem se dado dentro e fora das salas de aula. Dois dos casos mais graves se dão com professores universitários cearenses que lecionam na UFC– Universidade Federal do Ceará e Unilab– Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.
No caso da Unilab, conforme artigo da Revista Labor – UFC “em 2019, tendo em vista a política inclusiva de parcelas da população que são excluídas das condições mínimas materiais de existência, foi lançado o Edital nº 29/2019, que tratava de seleção específica para candidato(a)s transgênero(a)s e intersexuais nos cursos oferecidos pelos Campi do Ceará e da Bahia. A intervenção do governo federal, por meio de sua conhecida prática de criar notícias falsas, as fakes news, insuflando os seus apoiadores, principalmente os setores fundamentalistas religiosos, fez com que a Unilab cancelasse o referido edital. Reivindicando a autonomia universitária, expressa no Artigo 207, da Constituição Federal de 1988, diverso(a)s estudantes, servidores técnico(a)s e docentes protestaram contra a suspensão com a consequente perda de oportunidade para esses setores. Registre-se que essas vagas já estavam criadas e que seriam ocupadas via seleção e procedimentos adotados normalmente por qualquer Instituição de Ensino Superior. Outra situação a qual resultou em perseguição foi uma manifestação em defesa da Previdência Social. Ambos se tornaram inquéritos abertos na Polícia Federal”.
Já na UFC, cinco professores da Faculdade Direito da UFC sofrem Processos Administrativos Disciplinares (PADs) por “insubordinação grave” com indicação de demissão em 60 dias.
A Adufc, Sindicato dos Docentes, divulgou nota onde afirma: “A Diretoria da ADUFC-Sindicato vem a público repudiar veementemente o assédio moral praticado na Universidade Federal do Ceará contra os/as professores/as Beatriz Xavier, Cynara Mariano, Felipe Braga, Gustavo Cabral e Newton Albuquerque, todos/as da Faculdade de Direito. Todos também representantes sindicais da ADUFC, sendo quatro deles/as membros do Instituto Latino Americano de Estudos sobre Direito, Política e Democracia (ILAEDPD) e integrantes da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD).
A tentativa de criminalização dos/as docentes em questão por parte do interventor da UFC e do diretor da referida faculdade tem como instrumento cinco ações de indenização por danos morais, a indicação de uma sindicância administrativa e a abertura, pelo interventor, de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) sem sindicância prévia, com indicação de demissão, a ser concluído em 60 dias.”
É bom lembrar que os reitores da UFC e Unilab foram nomeados unilateralmente por Bolsonaro, sem ouvir a opinião da comunidade universitária.
A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora (CE), manifesta seu apoio e solidariedade a quem está sendo perseguido por Bolsonaro e seus seguidores. Repudiamos o assédio claramente com motivação política que ocorre na UFC e na Unilab. A luta em defesa da liberdade de expressão, da educação e da democracia é de todos. Fora Bolsonaro!