Um dos problemas decorrentes da Covid-19 é ter agravado, em muitos casos, a situação profissional de professores e outros trabalhadores da educação e também dificultado a vida de estudantes.
De maneira geral, a solução encontrada por governantes é impor em um primeiro momento um ensino remoto, sem que haja estrutura ou preparação adequada para isso e em um momento posterior, forçar o retorno às atividades presenciais ou de forma híbrida com os mesmos problemas e ainda sem um controle devido da pandemia.
Na avaliação de Ivan Gontijo, especialista em Políticas Educacionais e coordenador de projetos do Todos Pela Educação, A pandemia de Covid-19 desequilibrou o Brasil e o Ceará em todas as áreas, principalmente a Educação. Para ele, “A pandemia vai fazer a desigualdade entre alunos aumentar”.
Quando o foco sai da escola e vai para dentro das casas dos alunos, as realidades de cada família também interferem no acesso ao conteúdo remoto. Muitas famílias vivem em condições precárias em três, dois ou até um único cômodo, o que torna quase impossível estudar em casa. A conexão de internet, quando existe, é precária e o acesso é via a tela minúscula de um smartphone, quase sempre de modelo ultrapassado.
Durante a pandemia, 25 estados e o DF implantaram aulas remotas e destes 20 estados e o DF vão computar o ensino remoto como aula dada. O Ceará é um dos 11 estados que não estão avaliando os estudantes durante o período de ensino remoto. A situação é de apagão do ensino público.
Há problemas também de longo prazo. Em Manifesto Contra o Ensino Remoto, a Frente de Luta das Oposições do magistério Paranaense afirma: “a imposição da EaD (ou aulas remotas) é um projeto de destruição da Escola Pública, um ataque a formação integral de nossos estudantes e um caminho sem volta para o desemprego e intensificação da precarização das condições de trabalho. A precarização do nosso trabalho faz parte de um projeto como já se vivencia em alguns estados com professor horista, trabalho intermitente (só recebe se entrar em sala e só entra em sala se algum/a professor/a de qualquer disciplina faltar), ou terceirização, todas possibilidades reais que se abrem ao capital na degradação do trabalho, que terá um impacto político violento na desconfiguração da Escola Pública”.
Nas escolas e universidades particulares, onde a EaD já é uma realidade, esta precarização e a demissão de professores durante a pandemia tem sido uma realidade.
A situação é agravada pelo projeto de destruição da educação, levado a frente por Bolsonaro e seus prepostos à frente do MEC.
No caso das universidades públicas, o quadro não é muito diferente do ensino médio. Com parte delas tendo interventores nomeados por Bolsonaro, como é o caso da UFC, o diálogo com professores e estudantes, quando existe é precário e a falta de democracia vai virando regra.
Dia 20 de julho, os estudantes da UFC realizaram manifestação de protesto no Benfica. Em nota divulgada sobre o início das aulas, marcada para a mesma data e que foi adiada, questionam “Com um pouco mais de três meses desde o começo da quarentena, a reitoria apresentou um Plano Pedagógico Emergencial (PPE) que pouco dialoga com a realidade dos estudantes socioeconomicamente vulneráveis e que foi aprovado, através do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), sem representação dos discentes.
Deste modo, muitos questionamentos sobre a retomada das aulas por meio remoto e sobre o PPE estão sendo legitimamente levantados, entre eles estão: 1. Falta de equipamentos tecnológicos adequados por parte dos discentes; 2. Falta de acesso à internet de qualidade; 3.Questões de saúde física e psicológica; 5. Insegurança socioeconômica; entre outras demandas.
Mas, a resposta da administração superior é de que a Universidade está preparada para o retorno e que as políticas de inclusão estão sendo tomadas”. Além de questionar a volta às aulas, o ato também protestou pela falta de representação estudantil no Conselho Universitário (Consuni).
Além de tudo isso, há o ataque do desgoverno Bolsonaro ao Fundeb e que põe em risco o ensino fundamental no país.
Assim, a Intersindical Ceará se coloca ao lado dos trabalhadores da educação, dos estudantes em luta e da população carente, prejudicados por esta situação. Seguimos em luta por um ensino público, gratuito e de qualidade!